Melatonina e as respostas de defesa do organismo (Respostas imunológica e inflamatória)



As células imunocompetentes possuem receptores de membrana para melatonina
acoplados à proteína G12,13. Os sítios de ligação para melatonina são mais
abundantes em linfóticos do tipo CD4+ do que o CD8+, sugerindo que as
células CD4+ são as células mais responsivas à melatonina na subpopulação
leucocitária. Nessas células, a melatonina estimula a produção de
interleucina-2 (IL-2) e interferon-gama (IFN-g). Por outro lado, a
administração de IL-2 inibe a produção de melatonina pela glândula pineal,
indicando um sistema de retroalimentação negativo14. É importante
ressaltar que a susceptibilidade à melatonina depende do ciclo
claro-escuro e da estação do ano.

Em vários modelos experimentais de choque séptico e não-séptico, a
melatonina tem efeito protetor, diminuindo a taxa de mortalidade. Este
efeito protetor contra toxicidades, bem como sua possível ação de retardo
do envelhecimento e de redução dos radicais livres (estresse oxidativo)
são atribuídos à ação no sistema imunológico, quanto na interação com
substâncias antioxidativas11.

A melatonina também atua na fase crônica do processo inflamatório. Em
modelo experimental, com a inoculação do bacilo responsável pela
tuberculose (BCG) em patas de camundongos, apresenta variação na sua
resposta conforme o ciclo circadiano, ou seja, o volume do edema e a
permeabilidade vascular são maiores e mais evidentes durante o dia do que
durante o período noturno. Esta ritmicidade não é observada em camundongos
pinealectomizados. O padrão do processo inflamatório é restaurado após
reposição de melatonina, em doses farmacológicas, adicionada à água,
oferecida apenas na fase de escuro15,16.

Por outro lado, em inflamação alérgica pulmonar, asma brônquica, a
melatonina apresenta efeito pró-inflamatório17. Nesse modelo, o infiltrado
de eosinófilos no pulmão e a proliferação de células na medula óssea estão
reduzidos em animais pinealectomizados e se intensificam com a reposição
de melatonina.

Em resumo, os dados disponíveis evidenciam que a melatonina atua como
modulador de respostas inflamatórias e de respostas imunológicas. Esta
modulação parece ser positiva ou negativa, dependendo das células e
mediadores envolvidos no processo. Além disso, estes efeitos podem ocorrer
em concentrações compatíveis com o pico noturno de melatonina, ou em
concentrações muito maiores, que sabidamente podem ser alcançadas quando a
melatonina é administrada como fármaco, mas ainda resta dúvida se essa
ação pode ter alguma relevância fisiopatológica.

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302008000300022





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